quinta-feira, 28 de março de 2019

Os meus 30 álbuns de rock preferidos dos 90

Listas são sempre listas. E é absolutamente impossível de se agradar a todos. Fazer uma tipo "Os 30 melhores", acho fantasioso e arrogante. Por isso escrevo aqui a minha que chamo, simpaticamente, "Os 30 meus preferidos". E sem ordem, por favor. Afinal, hoje eu estou apaixonado pelo Kyuss, amanhã é pelo Sonic Youth, mais tarde... Talvez pelo Soundgarden. Louco pra escutar Body Count! No outro dia, não é nada disso. Portanto, adoro esses e ficaram muitos de fora. Mas se tem que ser apenas 30, que sejam estes. Sendo somente um por banda, pra falar de mais bandas.  Com dor no coração deixei de fora vários... É a vida! 

Não tenha dúvidas de que esta obra está jorrando criatividade e ousadia. Dois dos melhores ingredientes do rock'n'roll. Como se não bastasse, além da inspiração das composições, a excelente técnica. Puta album duplo de rock "Use your Illusion"!

Os caras chocaram o mundo da música pesada ao misturar eletrônico e metal em The Mind Is a Terrible Thing to Taste. Em "Pselm 69" eles foram além. Eles fizeram um disco foda. 

Ele estava velho pro rock'n'roll... Tá bom! Vá pensando. Escute "Ragged Glory" do Tio Neil Young e da sua Crazy Horse e sinta o peso, a inspiração, atitude... Tudo que resume o estilo. 

O grunge foi o movimento que abriu os 90 que tinha como objetivo resgatar a simplicidade do rock. Com base no hard rock setentista e o punk, o estilo teve sua base na cidade de Seattle, Washington. O Pearl Jam é um dos pilares e este disco é antológico. "Ten" é repleto de hinos de nomes curtos. Discoteca Básica do rock. 

A virada dos anos 80 pros 90 foi de uma mistura incrível de estilos e vibes em sons que terminavam rock'n'roll. Se os 60/70 eram de muito Marshall, os 80 foram synth. Já os 90 foram a porra toda, tudo misturado. Um filho legítimo dessa salada é o Prodigy com o eletrônico sendo maravilhosamente fundido ao metal. Fudido mesmo! Esse álbum "The Fat of the Land" é um ícone 90tista!

A melancolia tomou conta de mim. Esse disco é de uma profundidade impressionante, onde o genial Thom Yorke conseguiu fama e aclamação da crítica ao incorporar ao seu som ambient music, eletrônica, noise e muito mais. Composições emocionantes, produção impecável. "Ok Computer" é sim uma obra de arte. 

Falar de anos 90 e não citar o debut do Rage Against the Machine é pecado mortal. Um verdadeiro manifesto. Uma porrada na cara como há muito não se via. Ouso dizer que é o último trabalho originalíssimo do rock. O último grito! Public Enemy, Afrika Bambaataa, Beastie Boys, Urban Dance Squad tudo no liquidificador batido com as guitarras mais locas que esse mundo viu na década para emoldurar as letras incendiárias de Zack de la Rocha. Com, "Rage Against the Machine", colocaram seus nomes na história. 

O R.E.M. amadureceu e cometeu um discaço, cheio de texturas, melodias tristes, arranjos sombrios... Se o "Out of Time", da capa amarela era "Shiny Happy People", este "Authomatic for the People" é preto e branco e bem mais "Everybody Hurts" . Apenas John Paul Jones foi o responsável pelo arranjo de cordas ouvidos neste disco. Fundamental para se entender a música alternativa dos 90s . 

Ok ok. Você acha "Nevermind" a obra prima do Nirvana. Não vamos brigar. Nesta lista, como eu disse, entra o meu gosto e eu prefiro o In Utero. Aqui temos uma explosão em uma música intensa, onde vemos claramente com os ouvidos a revolta de Kurt Cobain e uma obra perfeita, mas teve um problema. O incensado Steve Albini, contratado para produzir o disco não agradou muito no seu produto final. Por isso a banda contratou Scott Litt para fazer alterações no som. Bingo. 

Um marco histórico na carreira desta banda californiana, BSSM foi gravado em "The Mansion" Uma mansão pertencente ao grande produtor Rick Rubin, que fica entre as letras famosas HOLLYWOOD naquele morro cartão postal de Los Angeles. Todos os timbres maravilhosos, todas as composições inspiradíssimas! Tudo perfeito soma-se ao trabalho do Rubin que arrebentou. Depois de "Blood Sugar Sex Magik", acho que o RHCP não saiu mais do "gibiruei", repetindo a mesma música sem parar... 

Mais uma vez, existe um álbum mais famoso, querido, incensado. O "Roots". Gosto bastante também. Fez a banda Sepultura chamar a atenção do povo, da massa roqueira e vender caminhão de CDs. Perfeito. Mas o meu preferido dos 90 dos mineiros é "Chaos A.D." Acho que aqui a banda se modernizou, sem perder a essência, batendo de frente com as bandas de metal. Todas. Que vinham emplacando na década. Orgulho do nosso país. Mas também orgulho do metal, que respirava a plenos pulmões. 

Um dos meus quatro discos preferidos do Slayer é dos anos 90. Agressivo e melódico na medida certa, devagarinho os monstros da Bay Area iam modernizando o seu som, sem perder a grosseria. Riffs matadoras, batidas impressionantes, todo o cardápio está ali, mas com uma produção muito foda da dupla Rick Rubin & Andy Wallace. Formação original. "Seasons in the Abyss" tinha mesmo que ser um discaço! 

Apesar de gostar de todos os discos do Soundgarden. Este é o meu preferido. Até o primeirão alternativaço, duro de escutar, eu me amarro. Tudo bem que "Superunknown" é o grande sucesso da banda, mas "Badmotorfinger" é um soco! Se o grunge é uma mistura de punk e hard 70, este álbum é o extremo do Black Sabbath junto dos hardcore 80 e muita personalidade. Saborosíssimo rock pesado dos 90. 

Com o estouro do grunge no início dos anos 90, a banda de college rock americana Sonic Youth resolveu entrar na onda, já que o seu album "Goo" estava mesmo no caminho. A contratação do produtor  Buch Vig,  do aclamado "Nevermind" do Nirvana dava a pista. Tudo bem. Veio um disco maravilhoso, híbrido college/grunge com noise na medida certa para ser comercial. Isso mesmo, comercial. E foi. Bombou na MTV. "diRty" é assim. Sujinho. Roque rovoltadinho MTV. Gostamos! 

Das profundezas do rock triste e revoltado, junkie e chuvoso de Seattle, o Alice in Chains é um dos mais talentosos e fortes do movimento grunge. Seu segundo trabalho, intitulado "Dirt", simplesmente "Sujeira" é de uma profundidade impressionante, com temas carregados, densos, de belas melodias e, óbvio, sujo. Lindo. 

Sendo o sétimo trabalho da experiente banda paulistana Titãs, Titanomaquia tem a batuta do mago Jack Endino, o mesmo de "Bleach" histórico LP inaugural do Nirvana. Apesar de não contar com Arnaldo Antunes, a obra é espetacular, com a marca registrada do ex-octeto de letras fortes e inteligentes, arranjos bastante originais e, com a produção de Endino, um puta som chegando no grunge. Muito bem feito e inspirado. Noventista até o talo. "Titanomaquia" é absolutamente brilhante. 

A surpreendente estreia do laureado rapper Ice-T no heavy metal é histórico. Temos que falar do self titled "Body Count". Ele é polêmico, violento e retrata com perfeição o panorama da sua quebrada - South Central, das mais perigosas cidades de todos os Estados Unidos, na Califórnia. O peso do heavy moderno. O balanço e a verborragia do RAP. Tipo RATM, mas totalmente diferente. Lotado de negritude e personalidade. Um marco. Um tiro. 

Na vanguarda do rock brazuca. Se no sul maravilha a esmagadora quantidade de bandas fazem cópia descarada dos gringos, um visionário aproveitava as influências roqueiras e as batia no liquidificador com as suas raízes. De Recife para o mundo. Poucas cópias foram vendidas do disco de estreia do Chico Science & Nação Zubi. E do segundo, esse "Afrociberdelia" também. Números decepcionantes por estar muito a frente do seu tempo. Este CD é uma obra prima. Entra pra história do rock brasileiro como um dos seus grandes diamantes. "Maracatu Atômico" é um hino.

Tem aí um rock que é a cara de San Francisco-CA? Amor livre, mistureba de etnias, culturas... Temos o Jane's Addiction com um verdadeiro liquidificador cultural misturando o groove rock da época bastante em voga (Red Hot, Living Colour, Urban Dance Squad, entre outros) e o conceito "circo de horrores" que foi levado para o Lollapalooza (criado pelo seu líder Perry Farrell). O disco "Ritual de Lo Habitual" é o melhor do Jane's e tem "Stop". MTV pra caralho, né?! Tempo bom! 

Tente encontrar as influências do Living Colour... E você irá achar várias e nenhuma. Uma das mais originais bandas da história do rock. Marcado pelo groove da sua cozinha de feras do jazz e do funk  com a guitarra mortal de Vernon Reid, cospidora de riffs incríveis. "Time's Up" é um disco pra dar o nó na cabeça de qualquer um, desde o início, com a faixa título. Um dos meus melhores LPs. Da vida. 

Já falamos da música dos grandes centros. De South Central a São Paulo. De Recife a Seattle. Mas e do deserto? Pois é. Se o grunge arrasou no norte dos EUA, foi no sul da California, mas precisamente em Palm Desert, que surgiu outro movimento. O Stoner. E dentre as bandas que ia pro meio do deserto fazer "barulho", um ícone. Kyuss. Viagens lisérgicas baseadas no baixo Rickenbaker distorcido ao máximo, peso, instrumentais longos, efeitos vocais... "Blues for The Red Sun" é uma bela obra onde as faixas se completam em uma trip destorcida com belas riffs e arranjos incríveis. "Green Machine" é um tiro! Pena que a banda durou pouco e deixou apenas quatro discos. Pena. 

Quando todo mundo tava curtindo o rock cheio de influências negras do U2 (fruto da viagem ao sul dos EUA que é narrado em "O Rato e a Rã"), eles desconstruíram tudo para construir um novo conceito para o seu som. Mais pop, mais dançante. Confesso que odiei através do meu preconceito na hora e não quis escutar. Depois de burro velho, coloquei a tecla play em "Achtung Baby" e amei! Cara, que disco foda! Os irlandeses acertaram em cheio, mudando tudo. Gênios, gênios. "One" é um primor. As outras também. Obra prima.

Este é um grande mestre. Talvez um dos cinco maiores da história do rock. O Camaleão que mudava de cara, roupagem e tudo mais e continuava sempre a frente do seu tempo. No apagar das luzes dos 90 comete essa masterpiece  absoluta. "hours..." é de uma beleza e tristeza absurdas. Texturas, climas, letras, da maior profundidade. Auto biográfico. Certeiro. Bowie. 

Quando o rock alternativo chega a um ponto de maturidade que cai no gosto de geral, lança sucessos e segue seu caminho. Este álbum é alternativo/grunge na maioria dos seus momentos, mas é cantarolável em pérolas como "1979" e o mega sucesso "Tonight, Tonight". É  considerado obra-prima de Billy Corgan. E é justo. Balanceado e inspirado, "Mellon Collie..." é brilhante. Puta disco dos anos 90. 

No meio de tantos álbuns alternativos na minha lista dos 90s, tinha que pintar um daqueles blockbusters do cancioneiro roqueiro. kkkkk. Sim, porque é aqui que o bicho pega e uma história de sucessos é consolidada. Se em "Pulp", os caras foram às estrelas... É em "Get a Grip" que eles se transformam em monstros do rock. Uma lição de vida para quem acha que tudo está perdido. Boas escolhas, aproveitando o talento que você possui e a sua vida pode cambiar em um giro de 860 graus. Graças também ao mago Bruce Fairbairn, que produziu Bon Jovi, Van Halen, entre outros. Um discão de rock'n'roll comercial. Saboroso. Talentoso. Brilhante!

Se os anos 90 são marcados pela mistureba, a destruição de fronteiras dentro do rock que transou com o funk, soul, maracatu e o escambau, narra o início de uma história que iniciou lá nos 80 com os seminais Venom, Bathory, Sarcófago e Hellhammer. O death metal. E um dos mais gostosos de todos os tempos é "Utopia Bunished" dos ingleses Napalm Death. Extremo, chocante, visceral. Quinze faixas que passam como um trator Caterpillar por cima da cabeça de qualquer um. Os caras tocam muito e muito rápido. Um marco no seu tempo. Mark "Barney" Greenway, vocalista e Shane Embury, descabelado baixista, estão lá até hoje. Soco na boca do estômago.

O meu álbum preferido do Metallica é o "Ride The Lightning" e abomino o "pop" que os californianos quiseram colocar no seu som em "Load". Mas a sacada de chamar o incensado Bob Rock para produzir "Metallica", ou "Black Album", como é conhecido foi mesmo de mestre. Ele captou o que a banda tem de melhor em agressividade e heavy metal e moldou em uma embalagem irresistível, melodiosa na medida certa. Fora um caminhão de críticas, é mesmo um puta disco com momentos sombrios, ganchudos, assoviáveis e até balada. Transformou o 'tallica em gigante. E colocou o álbum preto na história. Puta disco. 

Eita anos 90, zona do carai. Aqui um bando de hippies motoqueiros bagaço com uma proposta de som bagaço com distorção e balanço cativantes. O White Zombie é o projeto do grande Robbie Zombie, que depois se notabilizou também por ser um puta produtor de cinema... bagaço! "La Sexorcisto" não dá pra ficar parado. Com seu ritmo cativante, mistureba do cacete e composições inspiradíssimas. Este disco tem o hino "Black Sunshine" com a participação do pai de todos Iggy Pop o que já valem os 300 Cruzados Novos investidos no LP. 

Se tem uma banda alternativa aqui é o Morphine, absurdamente genial job de Mark Sandman (RIP) e o seu inacreditável baixo de duas cordas. Soturna até o talo, eles nunca conseguiram o reconhecimento devido nem no rock alternativo, ganhando mais projeção com a morte do seu líder. "Cure for Pain" é um disco lindíssimo, um tanto depressivo, de melodias incríveis e bom gosto a toda prova na produção. Vale a pena conhecer este tesouro enterrado em meio a toneladas de bandas do mesmo período. Morphine é diferente. É genial de verdade. 

Pra encerrar, uma farofa. Esse guerreiro, menino chamado Jon Bon Jovi. Quando todas as bandas do estilo hard glam fizeram água. Quando o estilo foi pro ralo, tio Jon não sentou na beira do meio fio e chorou. Sentou na escada do prédio e cantou. Reformulando os trajes, cabelos, repaginando a banda... Bon Jovi não era mais a mesma. Mas era a mesma fábrica de hits de outrora. Trocando a produção exagerada oitentista para algo mais atual. Musical e urgente, como exigem os anos 90. Sobreviveu sozinho na sua turma, atravessando a década do grunge ao meter hit em cima de hit nas rádios, MTV, VH1... Jon manteve a fé. E trabalhou. "Keep the Faith" Merece estar na lista, principalmente, porque é um disco foda.